25 de fev. de 2010

Contrastes

  Escuridão . Deitou . Apenas um travesseiro . Encostou a cabeça logo após ,  apoiando-a entre ambas as mãos .

  Tentava buscar um espelho . Mas como , se não “enxergava” ? Fechava e abria os olhos , mas não via nada concreto , somente figuras pontilhadas deformadas , formando , talvez , a própria interiorização .

  Não conteve-se . Caminhou até uma luz mais próxima . Olhou . Olhou . Olhou . Realmente olhava ? Ou fingia observar alguém que não queria ? Porque aqueles olhos escondiam mais do que tentara imaginar . Fitava-se repetidamente . Era o nada contrastando com o tudo . Mas quê tudo ? Quê nada ? Poderia ser a ilusão de criar expectativas para uma solução problemática que não possuía um resultado final . Em vista de que a finalidade é para ser alcançada . É ? Desde quando tornou-se , agora , um paradigma entre escolha e obrigação ?

  Visualizava o branco , em meio à transparência do próprio corpo ali refletido . Talvez por se expor demais ao breu . Não sabia .

  Sorriu . Sem jeito , mas o fez .

  Desapropriou-se da luz , votando para o canto  preto , que , querendo ou não , era acolhedor . 

19 de fev. de 2010

Desejo

" Por enquanto preciso segurar esta tua mão - mesmo que não consiga inventar teu rosto e teus olhos e tua boca. Mas embora decepada , esta mão não me assusta. A invenção dela vem de tal idéia de amor como se a mão estivesse realmente ligada a um corpo que , se não vejo , é por incapacidade de amar mais . Não estou à altura de imaginar uma pessoa inteira porque
não sou uma pessoa inteira . "

  Quero deslizar a suavidade das minhas mãos pelo seu corpo pulsante , que grita de excitação pelo meu toque .

  Quero , ao mesmo tempo , praticar a selvageria e o amor .

  Quero poder beijar-te até nossas bocas cansarem : sentir minha língua roçando na tua ; seu gosto de encontro ao meu ; morder-te até implorar que pare ; sugar-te a língua .

  Quero te ver nua por completo ; ver o suor escorrendo pelo seu rosto ; ver suas pernas tremerem de prazer enquanto penetro seu sexo molhado .

  Quero sentir seu gosto de inocência escorrendo pelos meus lábios .

  Quero que sejas meu desejo mais íntimo .

  Quero ...

  

À sua maneira

  Era , ao mesmo tempo , a brutalidade e o carinho .

  Não tinha certeza de nada , mas , se não era nada , como poderia estar certa ?

  Queria tornar-se livre , mas aquelas mãos cheias de cal ainda mostravam sua ingenuidade .

  O horizonte hipnotizava . Pensava milhões de pensamentos , perdidos em cenas de uma juventude gasta em experiências fato - reais .

  Sentia-se e não extasiada , olhando para aquele corpo esculpido perfeitamente pelos deuses .

  Um ponto final seria a solução ? Mas de quê ? Para quê ?

  Talvez para deixar em branco partes da história que um dia pensou em contar .

2 de fev. de 2010

Interrogações

  Caminhava afim de descobrir teorias impossíveis . Passos firmes . Olhar sempre adiante . Imaginava . Sentia . Se via presa às mesmas faces , porém , começou a perceber o valor que certos sentimentos lhe despertavam .

  Queria ser tudo e nada ao mesmo tempo . Iria ao inferno e voltava ao céu em questão de segundos . Era a própria indagação personificada : o espelho das suas espelhações . O Deus lhe trazia angústia , assistindo almas vendidas desesperadas pelo seu perdão . O tudo de todos era seu pior pesadelo , porque na verdade eram tudo de nada , sendo assim mais figurinhas repetidas para atuar na fantasia ilusória de cada um que viria a seguir .

  Continuava . Não parava .

  Qual é a próxima interrogação , por favor ?