28 de abr. de 2010

Parafraseando o nada

  Parecia tão perto . Mas tanto que tinha medo de se aproximar , talvez , já com a idéia do real distanciamento .

  Se conseguisse tocar em um dos “galhos”, ficaria satisfeita ? ; se voasse até seu “topo” , mergulharia ? ; soltaria qualquer que fosse o sentimento , apenas por dizer que experimentou ? ; ou parafrasearia todo conjunto com qual já havia lidado ?

  Uma partida de xadrez . Medo . Movimentos . Um único erro : xeque! Derrubado do seu campo de concentração . Aguentaria por muito tempo ? Agiria impulsivamente ?

  Casas brancas e pretas . Visões coloridas . Seres incolores . Entretanto , de tanto misturar , viraria mais incolor ou colorido ?

  Mas a dama estava posicionada . Sabia muito bem . Não! Não sabia . Absolutamente nada . Tantos “tudos” e uma resolução um pouco insana de nadas . 

Conversa entre estátuas

  Duas estátuas . Duas almas . Mesmo estáticas , mexiam – se . Ah , como faziam . Porém , caminhavam opostamente , afim de encontrar uma igualdade .

  Ao virar-se , poderia , não interessasse os segundos apenas , enxergar através daquele brilho intenso .

  Era a cor mais bela que havia visto . Mas a mais bizarra : possuía todo emaranhado de sentimentos , era a teia sendo feita .

  Desejava e como , poder  quebrar , adentrando na confusão específica .

  Apenas o imaginar lhe trazia ansiedade . Por quê?

  Pensava em “passado” : conjugações “... e se ” e não o presente “... é agora” .

  Por isso .

  Vá em frente , não se abale com estátuas mecanizadas ; se abale em tornar-se uma .

  Adentre no brilho mais profundo , independente de conseqüências . Esqueça , pelo menos uma vez , o certo . 

15 de abr. de 2010

O filme que nunca será contado

  Despertou , atordoada . Olhou em volta . Não reconhecia . Estranhou . Pensamentos altos se seguiram : “Aonde estou?” . Sua voz aguda ecoou .

  Sentiu um toque . Virou-se , imediatamente reconhecendo aquelas linhas . O belo . Sorriu . Os lábios se encostaram . Línguas roçando numa velocidade excitante , porém ao mesmo tempo indescritível .

  O cheiro do sexo cobria as paredes geladas .

  Seus dedos agora penetravam , severa e carinhosamente o sexo encharcado . Um . Dois .

  As pernas tremiam . Sentiu a boca chupando , gemeu ; mais fundo ; suas mãos não paravam : ora segurava a cabeça ora o lençol .

  A penetrou com a língua . O gosto tomou conta dos lábios de uma maneira tão , tão ... perversa . Mais , mais ...

  Acendeu um cigarro .

  Sem contato . O medo do envolvimento era maior do que seus próprios sentimentos para .

  A neve ilustrava a cena principal do filme que nunca será contado . 

12 de abr. de 2010

Apenas

  O vento cruzava por entre os longos cabelos . Caminhava . Seguia em frente ? Não . Era o apenas .

  Algo faltava . Compreendia , porém não queria compreender .

  Avistou uma pedra ao longe . Sentou-se . Pequenas pedrinhas decoravam . As recolheu . Com a palma da mão aberta , pegava uma por uma , tacando em outras .

  O barulho refletia sobre os próprios sons : fechado ; abafado ; rítmico , mas descompassado .

  Ignorou , como sempre .

  O irreal era mais tranqüilo do que a realidade .

  Então fechou os olhos . Bem forte . Muito forte . Extremamente forte , a ponto de cegar-se interiormente .

  Era o apenas ...